Fala pessoal, tudo certo?
Vocês já ouviram falar de como a inflação afeta nossos investimentos? E da tal curva de juros? É sobre isso que vamos comentar no post de hoje com uma boa dose de matemática financeira.
O que é a inflação? A inflação é o fenômeno econômico da desvalorização do dinheiro, ou diminuição do seu poder de compra. É como aquela velha frase “Nos anos 90 eu enchia um carrinho de mercado com R$ 50”. A inflação é uma constante preocupação para os Bancos Centrais do mundo já que a missão deles é fazer com que o poder de compra das suas moedas seja preservado. E às vezes a inflação pode até ser bem vinda desde que em níveis seguros acompanhada por crescimento econômico, afinal, se o consumo da economia está crescendo por conta da economia aquecida, menos mal.
Mas em níveis acima do desejado, a inflação corrói o poder de compra principalmente das parcela da população de menor renda.
Então quando vamos investir, um dos objetivos principais é ter um retorno que te proteja ou supere a inflação do período do investimento. Na Renda Fixa é possível garantir isso através do investimentos que remuneram a variação da inflação com um acréscimo de uma taxa de juros, chamada de taxa de juros reais. Em outras formas de remuneração, como a prefixada ou a pós fixada, não conseguimos garantir esse retorno acima da inflação brasileira, que é medida através do IPCA e divulgada mensalmente pelo IBGE.
E o que é a curva de juros? Apesar do nome, é uma coisa relativamente simples. Se a gente colocar em fileiras as taxas de juros exigidas pelo mercado para se investir nos títulos mais seguros do nosso país, no caso, do Tesouro Nacional, começando pelos menores prazos até os mais longos, vamos acabar com um gráfico de linha que como os investidores enxergam o mercado brasileiro já que taxas em elevação são sinais de que os riscos por aqui são maiores enquanto taxas menores indicam riscos maiores. Um exemplo de como parece a curva de juros, com taxas expressas ao ano, é esse abaixo na linha verde:
Como elas afetam os investidores? Na renda fixa, títulos como o Tesouro IPCA+ e prefixados sofrem marcação a mercado diariamente. Essa marcação nada mais é do que atualizar o preço do título pela nova taxa de juro que o mercado negocia. Vamos dar um exemplo disso:
Imaginem um Tesouro Prefixado com vencimento para 1 ano, ou seja, vencimento em 252 dias úteis, que foi comprado por uma taxa de 10%. Vamos utilizar a seguinte fórmula para saber seu preço no momento do investimento:
- Valor no Vencimento / (1+taxa/100) elevado ao prazo.
Ao fazer as substituições teremos R$ 1000 / (1,10)^(252/252) = R$ 909,09
O valor R$ 909.09 é o quanto se paga hoje em um título prefixado com as características que mostramos. Mas o que acontece se, no dia seguinte, a taxa de juros de 1 ano, que está na curva de juros, passa de 10% para 12%? E se cair para 8%? Vamos conferir:
- R$ 1.000 / (1,12)^(251/252) = R$ 893.23, ou seja, uma desvalorização de 1,74%.
- R$ 1.000 / (1,08)^(251/252) = R$ 926.19, ou seja, uma valorização de 1,88%.
Tudo isso com uma mudança na taxa de juros negociada. O prazo também tem um papel importante já que quanto mais longo ele for, maior será a volatilidade do investimento que tenha o componente prefixado (lembram?).
E como a inflação entra nisso? Bem, os juros refletem o nível de risco de um determinado investimento. Se a inflação, que é um dos componentes de risco ao investirmos, sobe demais, é natural que as taxas de juros subam também refletindo esse risco maior. É por isso que em casos em que a inflação sobe demais, os títulos como IPCA + que sofrem marcação a mercado, se desvalorizam no curto prazo. Mas levando o investimento até seu vencimento te garante aquela taxa acordada, não importa o que aconteça com os juros.
Em grau de pancada, os que mais sentem a marcação a mercado são os prefixados, seguidos dos híbridos e por fim, os pós fixados.
Existem títulos na renda fixa que não tem marcação no mercado? Existem sim, como CDBs, LCIs e LCAs que podem ser exibidos na conta da sua corretora com o que chamamos de marcação na curva do papel, que significa qual seria o preço hoje do título se ele fosse levado até o vencimento. Nesse caso, pode parecer que há uma maior segurança, mas se o investidor tentar vender esse título em alguma emergência, o preço oferecido por ele será o preço de mercado, que varia diariamente. Por isso falamos que a renda fixa não é fixa e que se há uma parte dos seus investimento que podem ser usados de uma hora para outra, como na reserva de emergência, a recomendação é sempre de alocar esse recurso em investimentos como CDBs de liquidez diária, que por terem essa liquidez garantida pelo emissor, garantem que não haja prejuízo.
O assunto pareceu complexo ou foi tranquilo? Conta pra gente se vocês ficaram com alguma dúvida.