A Organização das Nações Unidas (ONU) definiu, em novembro de 2007, que o dia 20 de fevereiro seria o Dia Mundial da Justiça Social. A organização reconheceu que a paz e a segurança entre os Estados só podem ser alcançadas por meio de justiça social.
Para este ano a ONU organizou um evento que é definido da seguinte forma, pela própria organização: “Com o lema “Justiça Social no Centro das Agendas Políticas”, a data abre o debate para o progresso da justiça social, vista como meta primordial para as políticas públicas. Segundo especialistas no tema, citados pela ONU, quando a justiça social é priorizada, as sociedades e economias operam de maneira mais coesa, fortalecendo-se mutuamente” (ONU News).
Ainda segundo a ONU, “o trabalho decente é fundamental para a justiça social”. Dessa forma, pensar no dia 20 de fevereiro e na centralidade da justiça social é, sem dúvidas, pensar nos desafios e injustiças que o nosso mercado de trabalho apresenta para que, identificados, possam ser combatidos. Quando falamos da realidade brasileira, as questões de gênero e raça vem a tona com muita força.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicados em 2021 apontam que a diferença salarial entre mulheres e homens que exercem a mesma função aumentou de 20,7% para 22%. Os dados preocupam e colocam o Brasil nas últimas posições do ranking internacional de igualdade salarial, segundo o relatório Global Gender Gap Report de 2020. Não só pela disparidade salarial, como também na dificuldade que mulheres enfrentam para acessar cargos de liderança, unicamente por seu gênero.
No que se refere a questão racial e o mercado de trabalho brasileiro, também temos dados que revelam disparidades. Dados do IBGE publicados em 2023 apontam, por exemplo, que quase metade (46%) das pessoas negras que se dizem empregadas no Brasil estão na informalidade, ou seja, sem carteira assinada. Entre não negros a taxa é de 34%.
Ainda segundo o estudo, a população negra tem uma remuneração 39,2% menor que a população não negra do país. Isso se explica não apenas pelo fato de negros estarem nos piores cargos; uma vez que, mesmo quando se leva em conta a comparação entre negros e não negros nas mesmas funções, os rendimentos médios de negros continuam menores. Em todas as posições analisadas, o rendimento da pessoa negra é menor.
É por esses e tantos outros dados reais, que estão no nosso dia a dia e impactam as nossas vidas que, não só a discussão, mas ações para promover a justiça social e a equidade real precisam ser viabilizadas. Que esse dia 20 de fevereiro seja, pra cada um de nós, um forte lembrete disso. A justiça social é um direto humano!