Spread Bancário
O que faz as taxas ficarem mais altas?
O spread bancário representa a diferença entre os juros que um banco paga para captar recursos e os juros que ele cobra ao conceder empréstimos ou financiamentos.
Em termos simples, é a margem de lucro que a instituição financeira obtém em suas operações de crédito.
Para ficar mais claro, podemos calcular o spread bancário pela seguinte fórmula:
- Spread = Taxa de empréstimo cobrada pelo banco – Taxa paga pelo banco
Em um contexto mais amplo, o spread bancário tem reflexo indireto sobre a produtividade, a eficiência e o crescimento econômico de um país.
Por isso, muitas vezes um spread elevado é entendido como um dos principais obstáculos para a democratização do crédito, podendo inclusive limitar o desenvolvimento econômico.
Você pode entender melhor essa questão com um exemplo: existem títulos de renda fixa no mercado emitidos pelas instituições financeiras visando obter capital para financiar determinadas operações.
Para tanto, o investidor faz um empréstimo ao emissor e recebe os valores com a correção indicada na aplicação. Os principais exemplos aqui são os certificados de depósitos bancários (CDBs), as letras de crédito imobiliário (LCIs) e do agronegócio (LCAs), entre outros.
Ao mesmo tempo, as instituições financeiras oferecem diversas linhas de crédito, como empréstimos e financiamentos. Assim, elas podem usar os recursos levantados por meio dos títulos de renda fixa para financiar essas atividades.
Nesse cenário, o spread se dará pela diferença entre as taxas pagas pelo banco nas aplicações financeiras e os juros cobrados nas linhas de crédito. Portanto, o spread afeta diretamente o quanto a instituição lucra com as operações e de quanto dispõe para manter suas atividades.
Mas o que compõe o spread bancário?
Existem diversos fatores que influenciam o valor final do spread bancário:
Inadimplência
O risco de não pagamento por parte dos clientes é um dos principais fatores que influenciam o spread, ou seja, quanto mais clientes deixam de pagar suas obrigações, maior pode ficar a taxa de novos empréstimos.
Bancos incluem uma “margem de segurança” para cobrir possíveis perdas devido à inadimplência, que no Brasil é bastante alta.
Lucros
Os bancos precisam garantir lucratividade. O spread bancário ajuda a instituição a cobrir custos operacionais e gerar retorno para os seus acionistas.
Impostos
O setor financeiro no Brasil é um dos mais tributados. Impostos como IOF, Imposto de Renda (IR) e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) impactam o spread, ou seja, se o governo taxa o banco, o banco “taxa” você.
Depósito compulsório
Os bancos são obrigados a manter parte dos recursos captados depositados no Banco Central, o que limita a disponibilidade de dinheiro para empréstimos e influencia o custo do crédito. Quanto menos Recursos o banco tem para emprestar, maior serão as taxas, a velha história do Oferta x Demanda.
Custos administrativos
Manter a estrutura do banco, incluindo funcionários, agências e sistemas, representa outro fator relevante. Bancos digitais conseguem, por exemplo, reduzir parte desses custos e oferecer condições melhores.
Como o spread bancário pode ser reduzido?
- aumentar a concorrência bancária
- melhorar a eficiência na recuperação de crédito
- educação financeira
- revisão da carga tributária
- ajustar políticas de crédito direcionado
Proposta quer limitar spread bancário nas instituições financeiras da União
Recentemente, uma proposta na Câmara dos Deputados chamou a atenção por buscar limitar os spreads bancários nas instituições controladas pela União.
O Projeto de Lei 5266/23 sugere que bancos públicos não possam praticar spreads superiores à média internacional. Essa média seria calculada e divulgada semestralmente pelas próprias instituições na internet.
Segundo o deputado Jorge Goetten (PL-SC), autor da proposta, a intenção é usar bancos públicos como instrumentos para reduzir o custo do crédito no país. A medida afetaria diretamente a Lei do Sistema Financeiro Nacional, exigindo que o Conselho Monetário Nacional (CMN), sob orientação do presidente da República, supervisionasse a aplicação da regra.
Essa proposta vem em um momento em que o Banco Central aponta que, mesmo com a Selic elevada, o spread bancário ainda é um problema. Em dezembro de 2023, o spread geral das taxas de juros era de 19,7 pontos percentuais, tendo atingido um pico de 22 pontos em maio do mesmo ano.
A proposta ainda está em tramitação nas comissões de Finanças e Tributação; Defesa do Consumidor; e Constituição e Justiça e de Cidadania, mas se aprovada, poderá trazer mudanças significativas para o cenário de crédito no Brasil.
Fontes:
Spread bancário: o que é e por que ele é tão grande no Brasil?
Spread bancário: o que é, como funciona e por que é tão alto no Brasil?
Spread Bancário: o que é, como funciona e como calcular?
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