Deságio: entenda as oscilações nos preços dos ativos e invista com mais segurança
O deságio acontece quando o investidor compra um bem ou ativo por um preço descontado, menor do que ele realmente vale. Isso pode acontecer por dois motivos diferentes: podem ser apenas oscilações naturais de mercado ou pode ser a indicação de que a empresa ou o título está com algum problema interno, à parte do mercado.
Apesar de parecer bastante vantajoso, essa compra pode ser bem arriscada; por isso, é muito importante entender o que é o deságio e como ele é calculado, evitando problemas futuros que podem gerar, inclusive, a realização de prejuízos na carteira. Além disso, entender esse conceito ajuda o investidor a tomar decisões mais acertadas na hora de escolher entre os ativos disponíveis, fugindo de riscos desnecessários.
O que é deságio?
Como dito, o deságio é justamente a diferença de valores quando um investidor adquire um bem ou um ativo por um preço inferior ao valor patrimonial que ele possui .
Dessa forma, o deságio pode representar uma vantagem na compra, pois permite que o investidor compre ativos por um preço menor. Contudo, essa vantagem só é compensada quando, na venda, os ativos apresentam um valor superior ao valor de compra inicial. Quando ele é menor, o investidor realiza o prejuízo e tem um saldo inferior ao que tinha no momento da compra.
E o que é ágio?
O ágio também é a diferença entre o valor patrimonial e o valor de mercado no momento da compra, mas acontece quando o ativo está sendo negociado por um valor superior ao que realmente vale.
A importância de saber calcular o deságio
Levando em consideração que o deságio também pode gerar prejuízos ao investidor, é importante saber calculá-lo a fim de evitar decisões precipitadas.
Como calcular o deságio em ativos de renda variável?
No caso da renda variável, pode ser bem difícil calcular o deságio, já que os ativos costumam seguir as oscilações de mercado e são bastante imprevisíveis. Uma dica para o investidor que quer ter ao menos uma ideia das possibilidades de movimento de um determinado ativo é pesquisar bastante sobre a história da empresa, buscando saber, inclusive, quais estratégias foram adotadas para superar crises passadas.
Se você não quer gastar muito tempo com isso, também é possível seguir e estudar as indicações de analistas de mercado (desde que você confie no trabalho dele, é claro), pois esses profissionais são capacitados e conseguem analisar muito bem as possibilidades.
Como calcular o deságio de títulos de renda fixa?
Já os ativos de renda fixa são mais previsíveis. Quando o investidor adquire um título pré-fixado, por exemplo, o Tesouro Direto se compromete a pagar o valor acordado previamente desde que o dinheiro seja resgatado apenas na data de vencimento.
Caso o investidor opte por fazer esse resgate antes, ele sujeita seu patrimônio às oscilações de mercado do momento, que podem ser positivas (quando a taxa de remuneração está maior que a acordada no início do contrato) ou negativas (quando a taxa é menor).
Assim, o Tesouro paga um valor com ágio ou deságio, dependendo da taxa de negociação dos títulos.
Exemplos práticos de deságio
O deságio ocorre de formas diferentes no mercado de renda fixa e no de renda variável, confira:
Deságio em ativos de renda fixa
Como já foi dito, nos títulos de renda fixa o deságio costuma acontecer quando o investidor precisa resgatar as aplicações antes da data de vencimento.
Por isso é tão importante, antes de tudo, ter uma reserva de emergência consolidada, pois ela possui:
- um risco de crédito baixo, o que significa que o dinheiro investido ali sofre poucas oscilações apesar dos movimentos diários que o mercado possui;
- e alta liquidez, o que significa que o dinheiro investido ali está sempre disponível para resgate, então ele pode ser facilmente resgatado em situações emergenciais.
Assim, o investidor evita problemas com o deságio em títulos de renda fixa, pois não precisará resgatá-los antes da hora em situações emergenciais, por exemplo, e poderá aguardar o vencimento para recuperar o patrimônio com o rendimento combinado no início.
Deságio em ativos de renda variável
Quando há deságio, o investidor compra o ativo com uma possível vantagem de valorização, pois a tendência natural, desde que os ativos não estejam enfrentando problemas que vão além dos de oscilação de mercado, é que eles recuperem pelo menos seu valor patrimonial. Dessa forma, o investidor lucrará essa diferença mais a possível valorização que o ativo pode ter no futuro.
Da mesma forma, existe o ágio, a diferença de valores quando um bem ou ativo é adquirido por um valor superior ao que realmente vale e funciona da mesma forma: pode ser que o ativo se valorize ainda mais, gerando lucro para o investidor, e pode ser que ele volte para seu valor patrimonial, gerando prejuízo.
No mercado de renda variável, o deságio consolida-se apenas quando o investidor compra os ativos de uma empresa que apresentou queda, mas que conseguiu voltar ao valor patrimonial com certa facilidade. Isso significa que houve rentabilidade decorrente dessa negociação em específico.
Portanto, é fundamental que o ativo tenha possibilidades reais de recuperar pelo menos seu valor patrimonial; por isso, ressaltamos tantas vezes que é muito importante que o investidor saiba reconhecer quais desvalorizações são fruto das oscilações naturais do mercado e quais são fruto de problemas de gestão interna, de corrupção, de falência etc.
Estar sempre atento às oscilações de mercado é fundamental para o investidor que possui estratégias de longo prazo, pois o processo de valorização de uma empresa costuma acontecer ao longo de anos; são raros os casos de crescimento exponencial em questão de meses.
Deságio em operações de Day Trade
Apesar de não ser recomendado para investidores iniciantes, o deságio também pode ser usado em operações de Day Trade; nesse caso, o lucro ou o prejuízo acontece de forma bem mais rápida, pois são consideradas mudanças em curtos espaços de tempo.
A única diferença é que em Day Trade o investidor pode operar alavancado, mas isso só é possível quando ele comprova para a corretora que possui um valor garantido para cobrir os gastos caso haja prejuízo nas negociações; assim a corretora tem certeza que não precisará arcar com os erros do investidor. Em caso de prejuízo, o valor da garantia é automaticamente recolhido da conta do investidor.
Existem garantias para alavancagem em deságio?
Sim, essa garantia pode ser feita em deságio, que, nesse caso, corresponderá ao percentual descontado sobre o valor em custódia daquele produto.
Exemplo: o investidor que possui 10 mil reais aplicados em um Tesouro Direto Prefixado possui um deságio de 30%, o que significa que seu patrimônio elegível é de 7 mil reais. Portanto, esse é o valor que pode ser usado como garantia em operações alavancadas, por exemplo.
Conclusão
Como pudemos perceber, o deságio pode ser bastante positivo para o investidor que é atento aos movimentos de mercado e que possui uma visão macro não só sobre o que acontece diretamente com o mercado financeiro mas também sobre questões políticas e sociais, já que elas refletem diretamente principalmente na bolsa de valores, onde são negociados os ativos de renda variável.
Fonte: Akeloo (Deságio: entenda o que é e saiba como investir com mais segurança)