Impacto nos Investimentos
A inflação é o benchmark primordial de qualquer aplicação financeira, ou seja, se seu investimento não supera o índice de preços, você não está obtendo um ganho real de fato. Dessa forma, ao escolher os ativos, é preciso avaliar a capacidade destes de superar o índice. Para saber o ganho real de determinada rentabilidade, utilizamos a seguinte fórmula:
Rendimento Real = (1+Rend. Líquido)/(1+Inflação)-1
Consideremos a rentabilidade líquida atual da taxa Selic sob a menor alíquota do IR, de 12,665% e a inflação média anual do Real, de 7,16% ao ano, aplicando a fórmula, teríamos: (1+0,12665)/(1+0,0716)-1, resultando num ganho real de 5,14%.
Os títulos prefixados são os de maior risco nesse aspecto, pois a taxa contratada será a rentabilidade efetivamente recebida no vencimento, independente da variação do índice de preços. Como não se sabe qual será a inflação no futuro, o ideal é que o investidor busque ativos prefixados com uma boa margem acima do histórico inflacionário dos últimos anos.
Já os títulos pós-fixados, normalmente atrelados ao CDI, podem oferecer uma proteção relativa contra o aumento do custo de vida, pois o indexador é equivalente à taxa Selic e esta normalmente persegue o IPCA com um certo atraso, já que o Comitê de Política Monetária costuma utilizar a taxa básica para controlar a inflação. O risco aqui está no curto prazo, pois as alterações na taxa Selic geralmente não acompanham a velocidade da elevação dos preços.
Os papéis atrelados ao IPCA, também conhecidos como híbridos, são naturalmente os mais indicados para quem quer proteção contra a inflação e possuem o menor risco de perda real. Aplicações isentas de IR, como LCI’s, LCA’s de bons emissores e a nova LCD, são ótimas opções com risco aceitável, pois garantem a rentabilidade real contratada no vencimento.
Por outro lado, nos ativos IPCA+ sem isenção de imposto, deve-se ter atenção ao prazo, pois, como o IR é cobrado também sobre a correção monetária, no caso de uma inflação muito acima da média o ganho real pode ser comprometido e até anulado no curto prazo. Porém, quanto maior o prazo, mais improvável será a perda real num título IPCA+. Nos exemplos a seguir, considerando as taxas atuais, podemos verificar que não há um número de inflação que causaria perda real num título IPCA+ principal do Tesouro Direto.
No Tesouro IPCA+2050, apesar dos números estratosféricos, o ganho real permanece praticamente estável.
Por garantir em rendimento real acima da inflação, os títulos IPCA+ de longo prazo são os mais recomendados para construção de patrimônio.