Quem nunca?… Sentiu raiva.
E se eu dissesse que sua raiva pode estar deixando você mais pobre?!
Não vou entrar em juízo de valor, se é certo ou errado, bom ou ruim sentir raiva.
O propósito aqui é bem específico: entender o que é raiva e como ela pode agir interferindo nas nossas finanças.
Outro ponto importante: nosso foco é a raiva, e não fazer confusão com ódio, fúria, vingança ou qualquer outra coisa que não seja apenas raiva.
Combinado?
Afinal, o que é raiva?
Talvez, você seja como eu, e gosta de ir direto na jugular e resolver logo o assunto.
Eu sempre fico impaciente quando alguém faz uma pergunta e não responde logo de cara, parece que está enrolando… (tipo agora ).
O fato é que contextualizar é importante para se ter um entendimento mais completo.
E é isso que farei primeiro. Vamos contextualizar, e você vai participar comigo.
Temos um acordo?
Antes de irmos para prática , certifique-se que você está em um local adequado que lhe permita começar e terminar a dinâmica. Não comece a menos que tenha certeza que possa finalizar todo o processo! Não seria nada legal soltar o Hulk no meio da sala de trabalho durante o expediente, não é verdade?
Certifique que você está em um estado bem relaxado(a), e sentado(a) bem à vontade, e, somente então, pense na última vez que você sentiu raiva.
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O que aconteceu?
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O que passou pela sua cabeça?
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E como você reagiu?
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Quando você sentiu raiva, as suas ações tinham qual propósito?
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Seus pensamentos tinham qual intenção?
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Faça anotações.
Depois da experiência e feito as suas anotações, respire profundamente e solte o ar lentamente. Repita o processo por 3x, e pense em um lugar, pessoas ou situações que lhe dão a sensação de paz e tranquilidade.
Acalmou?
Sou da opinião que a experimentação fala mais alto que a teoria, então se você realmente fez o que foi proposto, você sentiu por alguns instantes raiva e tudo que vem associado com ela. Sendo assim, o que será dito a seguir fará mais sentido.
Independente da situação que veio à mente, ao sentirmos raiva temos um elemento em comum: Justiça. Neste caso, a falta dela.
A raiva tem um papel importante, nos avisa quando o nosso senso de justiça é violado. E por se tratar de algo estritamente pessoal, é normal que a maioria das pessoas não compartilhem do nosso senso de justiça.
Quando o que nós acreditamos que é correto, “justo”, é transgredido, a raiva tende a entrar em ação. E com ela o desejo de “equilibrar as coisas”, “fazer justiça”. É o desejo latente de uma compensação que se faz necessária.
Lembro-me de certa ocasião, quando era adolescente, ter presenciado em um estacionamento do BH Shopping, em Belo Horizonte, duas mulheres que voltavam das compras e viram alguma avaria na traseira do carro delas.
Como havia um carro atrás, deduziram (sem qualquer prova e de imediato) que aquele veículo era a razão do estrago.
Com o rosto notavelmente alterado pela raiva, a motorista pegou a chave do carro dela e arranhou o carro de trás, na presença do dono e seu acompanhante, que ficaram atônitos e sem entender o motivo daquela agressão.
Depois de ter danificado o outro automóvel, elas entraram no carro aparentemente saciadas de terem tido uma “compensação” pelo dano que haviam sofrido.
Entendo que está história é relevante porque demonstra que o objetivo da raiva é satisfazer uma “injustiça”, de caráter pessoal, ainda que cause uma nova injustiça no processo.
Não precisa de muito esforço para buscar nas suas memórias quantas vezes, só de raiva, você fez ou não fez alguma coisa em relação aos seus pais, familiares, parceiros, colegas de trabalho, chefe e etc.
Quando vezes você pensou: Agora, só de raiva, também eu (não) faço isso… ou aquilo.
Resumindo até aqui…
Eu tenho minhas regras pessoais, íntimas, alguém viola essa regra, logo, fico com raiva.
Quando tenho raiva, dispara o senso de injustiça, e busca-se fazer justiça, ter uma compensação. Compensação alcançada, a raiva é apaziguada.
Continuando…
Se a raiva, quando causado por uma outra pessoa, geralmente resulta em dano ao outro - “compensação” -, e o que acontece quando você sente raiva de si mesmo?
Como você já deve ter imaginado, o resultado de sentir raiva de si mesmo acaba em algum dano pessoal. Um verdadeiro autoflagelo.
Resumo
autoflagelo: é o ato de causar flagelo (dor) a si mesmo, de se castigar fisicamente.
Fonte: Google
Por isto, entre outros tantos motivos, não é saudável emocional e financeiramente quando dizemos para nós mesmos expressões de auto depreciação de qualquer tipo.
Implicação nas finanças…
Provalmente, se você já notou o padrão, se a raiva causa um dor ao outro, e se este “outro” for você, por consequência, os resultados das suas decisões financeiras, em momentos de raiva tendem a causar prejuízos.
Por isso nunca tome uma decisão financeira em momentos passionais, no auge da raiva, as chances de um grande prejuízo monetário e desgaste dos relacionamentos. Ainda que o relacionamento em questão seja consigo mesmo.
Não invista, faça compras por impulso de alto valor, ou negocie quando estiver com raiva! Esta “técnica de terapia” sai cara.
Por isso o marido, por exemplo, depois de ter brigado com a esposa, não está no melhor estado emocional para tomar decisões financeiras de investimento. O que também serve para relacionamentos de sociedade, parcerias, e situações afins.
O resultado das escolhas nesta situação tendem a tirar dinheiro do seu bolso.
Lembre-se que estamos lindando com aspectos emocionais, de natureza mais profunda e inconsciente, e ainda que racionalmente dizemos que não queremos perder dinheiro, este será o resultado.
Devo evitar ficar com raiva?
Resposta curta: não!
Uma pessoa isenta de raiva torna-se apática, e sem qualquer defesa. Sem qualquer raiva você se tornar facilmente um capacho. A solução não está nos extremos.
Existem situações que realmente são dignas de sentir raiva: qualquer violência e agressão à vida humana ou de animais, destruição da natureza, exploração sexual, racismo, preconceitos, para citar algumas.
Não sentir raiva quando presenciamos algo do tipo seria permitir o abuso de maneira impune. É saudável sentir raiva nessas horas. Anormal seria não sentir.
Entendo que cada um tem mais sensibilidade, é mais inclinado, a uma determinada causa. É isso é ótimo. Assim, todas as áreas recebem atenção de pessoas comprometidas e focadas. Temos ONGs que protegem crianças, mulheres, idosos, órfãos, fontes de água, animais, e tantos outros que se enquadram em situação de vulnerabilidade por algum motivo.
A raiva pode ser inclusive um indicador, um direcionador da sua escolha de propósito de vida. A dor que as pessoas sentem ao presenciarem ou vivenciarem determinado fato foi a causa de grandes transformações que vivemos no mundo.
Por causa da raiva, vemos a história sendo impactada por pessoas que disseram basta para alguma injustiça. Pesquise sobre Mahatma Gandhi, Madre Teresa de Calcutá, Martin Luther King Jr., entre outros nomes relevantes, para entender o impacto.
A recomendação
Quando sentir raiva, entenda a mensagem: Qual regra, na minha visão, está sendo violada?
Com esta informação, você pode aprofundar: O que eu quero?
E por fim: O que eu posso fazer para conseguir isto?
Agora, sabendo da mensagem, você pode fazer melhores escolhas. E até rever se, no final das contas, você tinha realmente motivo para ficar com raiva.
Algumas provocações (considerações) finais…
Lembrando que as regras são suas e fazem parte do seu universo íntimo, de acordo com aquilo que você criou ao longo da sua vivência, ao sentir raiva, permita-se considerar:
Se há um terceiro envolvido
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Era possível ele/ela saber desta minha regra que foi violada?
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Eu deixe isto claro de alguma maneira?
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Ou porque era “óbvio” para mim eu deduzi que seria óbvio para o outro?
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O que, de fato, eu quero?
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O que eu estou comunicando?
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O que está em meu poder/capacidade para mudar e ter um resultado diferente?
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O que eu ganho mantendo esta regra? O que eu perco abrindo mão desta regra?
Quando você é o alvo da sua raiva
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Com as informações, recursos, habilidades, conhecimento, que eu tinha, era possível esperar um resultado diferente?
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Em relação ao ocorrido, o que está no meu controle?
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Qual é a mensagem por trás da minha raiva?
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Como eu escolho usar esta mensagem a meu favor para alcançar meus objetivos?
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Esta injustiça que agora sinto, qual seria uma melhor perspectiva que eu posso dar a ela?
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Esta regra que eu criei ainda faz sentido?
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O que eu escolho mudar no meu procedimento, que está no meu controle, que pode gerar resultados difentes no futuro?
Recomendação:
Aproveito para recomendar esta palestra de Ryan Martin, que de maneira mais abrangente e bem humorada aborda o assunto. Não acredito que eu seja capaz de explicar melhor.
Então é isso.
#ficaadica
PS.: Qual sentimento, emoção, você gostaria que eu abordasse no próximo tópico? Como você acredita que isso tem relação com vida financeira?