Operações com prejuízo podem ter incidência de IR

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Está em análise na Câmara dos Deputados o projeto de lei (PL) 724/2024, que institui um imposto de renda (IR) sobre operações em renda variável. Elaborado pelo deputado Sidney Leite (PSD-AM), o PL estabeleceria alíquota de 0,075% sobre toda operação em bolsa de valores, em substituição à atual cobrança sobre ganhos líquidos.

Ou seja, o projeto abrange operações de compra e venda, com ou com prejuízo. O projeto visa simplificar a já existente tributação da renda variável, ao estabelecer uma alíquota única sobre o valor total das operações, mas o modelo escolhido não é o melhor, apontou Cassiano Menke, coordenador da área de Direito Tributário do Silveiro Advogados.

“No meu entendimento, esse tributo seria inconstitucional”, pondera. A inconstitucionalidade se dá porque o IR deveria incidir sobre ganhos e, no PL, incidiria sobre prejuízo também, quando não pode haver IR. “Não pode haver imposto de renda, cujo fato gerador é ter acréscimo de patrimônio, sendo cobrado com decréscimo de patrimônio.”

Cassiano não desaprova uma cobrança sobre operações em renda variável, mas frisa que o IR é um tributo que deve incidir sobre o acréscimo de patrimônio.

Não é a primeira vez que o Congresso tenta emplacar uma cobrança do tipo. A Câmara aprovou em 2014 a proposta conhecida como “Imposto da Bolsa”, a primeira a sugerir cobrança de IR sobre operações em renda variável. O texto foi recusado pelo Senado em 2015, mas voltou em 2016, após algumas alterações.

Historicamente, algumas barreiras têm impedido a implementação de um imposto sobre operações em renda variável no Brasil, explicou o jurista e day trader João Lucas Tonello. Primeiramente, a complexidade administrativa, “posto que a criação de um sistema eficiente para administrar e coletar impostos sobre cada transação pode ser complexa e custosa”.

Também há o receio de que uma tributação excessiva possa tornar o mercado brasileiro menos competitivo em relação a outras praças financeiras globais, como os EUA, onde não há esse tipo de imposto, acrescentou Tonello. No mercado americano, há apenas imposto sobre ganhos líquidos, como no Brasil, e sobre dividendos.

Por fim, o Congresso obviamente lida com a resistência do mercado. Afinal, investidores, corretoras e outros agentes tendem a se opor a impostos que aumentem os custos de transação.

“Esses fatores, junto com a potencial diminuição da liquidez e a resistência política, são desafios que a nova proposta também enfrentará”, avalia. Para que a proposta do PL 724/2024 seja bem-sucedida, o especialista considera necessário um equilíbrio cuidadoso entre a arrecadação de receitas e a manutenção de um mercado de capitais vibrante e atraente para investidores.

A aprovação do PL teria simplificação fiscal e previsibilidade como pontos positivos. A eliminação da necessidade de declarar ganhos em operações de bolsa no Imposto de Renda pode reduzir a burocracia e simplificar a vida do investidor, enquanto um imposto sobre transações é mais fácil de calcular e prever, pois é aplicado diretamente nas operações, independentemente do resultado líquido ao final do ano.

A nova regra também traria equidade tributária, prossegue Tonello. “Todos os investidores, independentemente do seu sucesso nas operações, contribuiriam proporcionalmente ao volume de suas transações.”

Por outro lado, a tributação de cada transação pode encarecer significativamente a operação, especialmente para aqueles que realizam muitas transações ao longo do ano – caso dos day e swing traders . Por consequência, o novo regime tem potencial de reduzir a liquidez e a atividade no mercado de ações, desestimulando a entrada de investidores.

A imposição de um imposto sobre transações de compra e venda de ações tem muitos ângulos. Pode servir para aumentar a arrecadação do governo e incentivar maior transparência nas operações financeiras, assim como desestimular o investimento em renda variável, especialmente entre pequenos investidores, devido ao aumento dos custos operacionais.

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Essa é a legítima ideia de jerico do governo. Incentivar a produção? Incentivar o emprego? Não. Taxar.
Remédio único para todos os problemas do país. Que estupidez.

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Pois é, a sede pela arrecadação nunca acaba.

Impressionante, se bobear eles vão acabar taxando o ar que a gente respira.

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Dependendo do perfil, pode ser uma boa. Para quem opera pouco, ficaria muito menos que a tributação atual, que é de 15% dos lucros (ou 20% dos lucros, se for day-trade).
Agora para quem executa dezenas ou centenas de ordens por dia, ficaria muito maior.

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@andrehide Dá uma olhada neste vídeo do Raul Sena e depois comenta aqui.

:rotating_light: URGENTE: Governo quer taxar fundos imobiliários? Entenda esse absurdo! (youtube.com)

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Negativo, isso afetaria o mercado como um todo por sinal.

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Uma reflexão que faço é de que eu fico esperando um aumento da isenção dos 20k para ações e além disso gostaria muito de ver a mesma isenção abranger ETFs e até FIIs, objetivando uma maior participação da população na bolsa e nos investimentos, uma vez que o INSS não poderá suportar, já está falido hoje e precisamos ter alternativas saudáveis.
Mas a realidade é que até isso em um futuro breve deve cair, dividendos serão taxados e não teremos nem a contrapartida. FIIs com risco de taxação, até o juro real (famoso IPCA+) a gente paga imposto…

Eu não sei vocês, mas eu fico pensando que um dia o melhor investimento que teremos será a poupança e ainda vai incidir 15% de IR.

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Mesmo que haja taxação de dividendos, ainda sim investimentos em acoes e até mesmo FIIs continuarão sendo vantajosos. Na verdade é difícil existir investimentos piores que a poupança.

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Você acha?

Eu espero que não aconteça, mas me parece questão de tempo…

Mas sobre a isenção de 20k é bom que os politicos não saibam dela :weary:

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Eu acho que uma hora ou outra isso acabará acontecendo. Isso é um desejo antigo de vários governos.
Só acho que ainda vai demorar um pouco pra isso acontecer.
Por sinal o último PL que tentou taxar as receitas dos fiagros e FIIs hoje não passou.

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