Sim, @Samuel, esperamos que o Nubank siga mantendo seus ideais desde sua criação, mas mesmo que talvez com o tempo o Nu se torne justamente aquilo que tanto procurou combater (mais um bancão), a instituição, se quiser se manter competitiva, deve no mínimo acompanhar as tendências e mudanças do mercado financeiro que atua.
A maior e inegável tendência hoje e para o futuro do mercado financeiro mundial são os criptoativos, seja as criptomoedas, os tokens de liquidez ou de governança, ou os NFTs. A própria plataforma de transferências e pagamentos internacionais que o Nubank fechou parceria (Remessa Online) possui tecnologia de blockchain da empresa Ripple Labs, pela plataforma RippleNet, pois é uma plataforma mais barata e eficiente que o antigo protocolo Swift (criado em 1973, ou seja, bem antigo) que ainda é o mais utilizado mundialmente nos bancos, mas que, por sinal, já está caindo em desuso rápido, por ser mais caro, lento, e com menor capacidade de transações quando comparado ao protocolo da Ripple. E as transações feitas dentro deste protocolo são em XRP - a criptomoeda Ripple.
Nubank vai usar sistema da Ripple para envio de dinheiro ao exterior | Future of Money | Exame
Enfim… talvez a parceria do Nubank com o Remessa Online tenha sido um pequeno “pontapé inicial” nessa direção, mas os grandes players do mercado financeiro já estão muito mais adiantados em relação a essa integração do que o Nubank. A bandeira Visa, por exemplo, já está trabalhando forte nessa integração com os criptoativos, pois percebeu que através da tecnologia blockchain terá maior capacidade de transações por segundo do que ocorre hoje no cartões de crédito, sem falar na economia de custos que o blockchain possibilita.
Visa cria sistema que interliga blockchains para pagamentos com diferentes criptomoedas | InfoMoney
Outro grande player nesse mercado é o Paypal, que já lançou nesse ano dentro dos Estados Unidos o acesso à diversas criptomoedas. Em agosto desse ano o Paypal expandiu esse acesso às criptomoedas também para os clientes do Reino Unido.
PayPal libera pagamentos com Bitcoin, Ethereum e Litecoin no Reino Unido (cnnbrasil.com.br)
Importante só esclarecer que as moedas digitais não devem ser confundidas com criptomoedas, são coisas diferentes. As moedas digitais, que os Bancos Centrais do países ainda tentarão “impor” aos cidadãos, são uma tentativa de controle, pelo medo que os governos tem da descentralização que certas criptomoedas detêm. Nas criptomoedas os cidadãos possuem liberdade, nas CDBCs - Central Bank Digital Currency, ou seja, nas moedas digitais, todo o poder estará centralizado no Banco Central, e, por tabela, o poder estará centralizado nos governos. Portanto, as CBDCs são um perigo à liberdade individual. Mas pode ter certeza que os políticos vão buscar aprovar o Real Digital o mais rápido possível.
Tem tanta coisa acontecendo nesse mercado já, mas infelizmente é muito pouco divulgado aqui na grande mídia do Brasil.
Eu tenho um carinho todo especial ao Nubank, e por isso mesmo, as vezes eu tiro um tempo aqui na comunidade para escrever alguma coisa que eu me interesse, sempre no intuito de ajudar. Mas não posso fechar os olhos… O número de clientes aumentou muito e isso é ótimo pra instituição e tudo mais… mas enquanto o futuro já está acontecendo lá fora com essas grandes empresas de tecnologia (e algumas empresas menores aqui dentro do Brasil), eu estou vendo o Nubank “patinar” em outras coisas que deveriam ser mais simples.
Como por exemplo, a curiosa “fase de testes” do empréstimo pessoal, que já dura incríveis quase 3 anos já… e Enquanto o Nubank não consegue sequer disponibilizar cashback nos cartões Gold/Platinum, outras empresas por aí (até mesmo no Brasil) já disponibilizam Criptoback no cartão de crédito, como é o exemplo da conta digital Alter, que oferece compra e venda de Bitocin direito no app, bem como walllet de Bitcoin também no app.
Fintech Alter lança cashback que devolve percentual das compras em Bitcoin | FintechLab
A parte de Marketing do Nubank é show de bola, criando comerciais de TV com grande apelo social e tudo mais, nos moldes dos bancões (vide comerciais do Itaú)… mas é aquela coisa né: “É só isso?”
Existe uma linha tênue entre a estratégia de optar por operar em prejuízo por uns anos para formar uma forte base de clientes, e a questão de meio que “parar no tempo” no que se refere ao oferecimento de inovações no mercado financeiro.
Eu gostaria muito de ver o Nubank continuar oferecendo novidades, com produtos e serviços que agregam valor aos clientes, acompanhando as mudanças do mercado, e, apesar de ter um carinho especial pela instituição (e ainda ver nela diferenciais competitivos relevantes em comparação com a concorrência), eu vejo que ainda há um longo caminho e muita coisa a se fazer, para que ao menos a instituição acompanhe o ritmo das mudanças