Olá, Comunidade!
Estou criando este tópico em resposta a este aqui, que fala do novo curta-metragem “Não é um monstro”. Quem ainda não viu, confere o link .
Achei o trailer super fofo, sou fã de animações, e estou ansioso pra ver quando sair.
Mas vamos ao que interessa, quero falar aqui de uma experiência minha com dinheiro quando criança, e focar no tema deste tópico: experiências que nos moldaram.
Não sei vocês, mas eu tenho muito claros nas minhas memórias alguns acontecimentos marcantes que, definitivamente, ajudaram a moldar a pessoa em que eu me tornei. Vocês têm esse tipo de lembrança também? Já tentaram analisar as suas lembranças e, com base nelas, explicar os comportamentos que vocês têm hoje? Eu sou uma pessoa super reflexiva nesse sentido e já fiz muito isso.
Uma dessas lembranças é sobre lidar com dinheiro e eu queria compartilhar aqui.
Cresci em uma família que tinha boas condições de me dar um lar saudável, carinho e boa educação. Meus pais sempre tentaram mostrar a figura do dinheiro remunerando o esforço e o trabalho. Quando a gente dividia os trabalhos domésticos (e não, gente, antes que alguém se incomode, não estou falando em trabalho infantil, estou falando em tarefas de criança mesmo e educação para a vida), em algumas ocasiões em que a gente se dedicava de maneira especial, a gente recebia um “dinheirinho” como recompensa.
Se por um lado isso me ajudou a ver o dinheiro como recompensa pelo esforço e pelo trabalho, eu, muito novo, ainda não tinha aprendido a dar o devido valor ao dinheiro, para mim aquilo era mais uma brincadeira.
Teve uma dessas vezes que eu resolvi usar aquela recompensa toda de uma vez em um prazer efêmero: balas e chicletes . Dei o dinheiro na mão da “mocinha” (era uma mulher bem mais velha, nem sei a idade, mas era como a gente a chamava) que acompanhava a gente no ônibus da escola pra ela fazer a compra pra mim. Meu irmão, sempre muito protetor , quando me viu pedir isso a ela até tentou me alertar e me fazer mudar de ideia, mas eu era muito teimoso, sabem? Era…
No final do dia, quando saí da escola e fui pegar o ônibus, ela me recebeu com um sacão cheio dessas guloseimas… Eu, claro, fiquei felizão.
Não bastasse esse “investimento” mal feito, o que eu fiz depois só fez piorar. Aquele sacão de guloseimas não durou quase nada… foi uma bala atrás da outra, um chiclete atrás do outro, eu ficava dando a desculpa que “acabou o gosto”… Foi uma compulsão que, felizmente, durou pouco.
Depois que acabou tudo, quando aquele prazer efêmero passou, foi que eu me dei conta… Nossa! Aquele dinheiro bem que poderia ter sido melhor aplicado, né? Não precisou ninguém falar nada, essa lição eu aprendi sozinho ao perceber a situação.
Sim, eu morro de vergonha de ter feito aquilo… mas eu reconheço a importância daquele momento em me fazer quem eu sou hoje. Eu tenho certeza de que este momento me fez ter a disciplina que hoje eu tenho, de considerar a utilidade daquilo que eu estou consumindo, de não gastar com “bobagens”, e por aí vai. Não fiquei radical não, eu uso dinheiro pra prazer e lazer também, mas é um gasto feito com sabedoria.
Enfim, é isso. Hoje eu sei que dinheiro não é um monstro, disciplina financeira não é um monstro, e estou muito feliz com os critérios que eu adoto hoje para poupar, investir e gastar, e tenho certeza de que aquele momento marcante da minha infância foi fundamental nessa minha jornada e me fazer ser quem eu sou.
E você, tem algum momento marcante desses na sua vida? E a sua experiência com dinheiro quando criança, gostaria de compartilhar? O dinheiro é um monstro pra você? Conta pra a gente aí embaixo.