Desvendando as Cores da Consciência Negra: Uma Celebração de Resistência e Transformação
Vou iniciar o texto com um fato que me aconteceu, somente para ser didático:
São 22h, estou aguardando meu carro em frente ao restaurante que jantei com minha namorada, agora esposa. Ela estava no lavabo e me adiantei em pegar o carro. Se aproximou uma BMW e desceu do carro um senhor de meia idade e num gesto esticou o braço com a chave da BMW em minha direção.
Eu como já passei por inúmeras situações de “racismo velado” disse ao senhor:
“Este carro não é o meu (apontando para a BMW)”
Ele: “Mas quem te disse que eu sou manobrista?”
Eu: “E quem te disse que eu sou manobrista, o que te levou a pensar assim?”
Ele: “Sem graça, saiu de nariz em pé”
No rebuliço do calendário nacional, o dia 20 de novembro desponta com cores vibrantes, marcando o Dia da Consciência Negra. Mais que um feriado, é um convite à introspecção, um momento de reflexão profunda sobre a rica tapeçaria que é a cultura negra no Brasil. Proposto pelo Grupo Palmares em 1971, esse dia não é só um intervalo no expediente, mas um lembrete para celebrar o protagonismo das pessoas negras e entender a contribuição única que elas trazem.
Em 1978, o Movimento Negro Unificado ergueu a bandeira do Dia da Consciência Negra como uma celebração nacional, fortalecendo as raízes culturais e liderança negra. O significado transcende as páginas do calendário, convidando-nos à resistência e à reflexão sobre a ancestralidade dos povos africanos no Brasil. Não é apenas um feriado; é um lembrete anual da nossa história, ensinado nas escolas desde 2003 e oficialmente comemorado em 20 de novembro de 2011.
A cada ano, as atividades se multiplicam, desde a emblemática Marcha Zumbi dos Palmares até seminários, workshops e manifestações. É um momento de lembrar não apenas de Zumbi, mas também de Dandara, Maria Quitéria, Carlos Marighella e Luiz Gama. Mais de mil cidades brasileiras reconhecem essa importância com feriado local.
O Quilombo dos Palmares, um capítulo épico, se destaca como o maior quilombo brasileiro, uma resistência que durou cerca de 100 anos. Localizado em Alagoas, terra natal de Zumbi, o quilombo ainda ecoa em nossa história. Em 1995, Olinda declarou feriado estadual em homenagem a essa comunidade que desafiou as correntes da opressão.
Reconhecido pela UNESCO por promover a diversidade cultural, o Dia da Consciência Negra se entrelaça com movimentos contemporâneos como o Black Lives Matter e a lembrança do legado de Martin Luther King Jr. A celebração busca conscientizar sobre a cultura e história africanas, lutando contra o racismo e promovendo a igualdade num mundo que clama por esses valores.
E, olhando para o presente e o futuro, vale refletir sobre como empresas e pessoas têm o poder de mudar o cenário. Quando empresas reconhecem e corrigem ações ou políticas que perpetuam o racismo, elas não apenas se redimem, mas também se tornam agentes ativas na luta pela igualdade. Como indivíduos, nosso papel é cobrar essas mudanças e nos unir a iniciativas que promovam um ambiente mais inclusivo e justo para todos.
https://blog.nubank.com.br/compromisso-do-nubank-contratar-2-mil-pessoas-negras-ate-2025/
Achei esta ação do Nubank bem inserida no contexto que falei acima, empresas podem e devem também contribuir como agentes de mudança.
Neste dia especial, é mais do que uma comemoração, é uma oportunidade de refletirmos sobre como as cores da consciência negra têm o poder de transformar vidas. Reconhecer e valorizar a contribuição da comunidade negra é mais do que um gesto simbólico, é um compromisso contínuo na luta contra o racismo e pela construção de uma sociedade verdadeiramente igualitária.
Que essa celebração seja um ponto de partida para mudanças que reverberem não apenas hoje, mas todos os dias.
Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar. (Nelson Mandela)
Ah, por que citei lá no início um fato que aconteceu comigo?
Porque o racismo pode se esconder nas pequenas ações do dia a dia e não somente nas grandes.
E você, qual cor da consciência negra mais ressoa em sua vida?
Como podemos, juntos, transformar essas cores em ações diárias que promovam a igualdade e celebrem a riqueza da diversidade cultural?
#ConscienciaNegra #Transformação #ParticipeAtivamente