Recentemente o Cartão UV do Nubank trouxe novidades que desagradaram a maioria dos titulares, especialmente a extinção total do rendimento de 200% do CDI sobre o cashback gerado nas compras. Uma vantagem tão a frente que sequer chegou a ser copiada pela concorrência, como costuma acontecer.
O que de fato é de se admirar e um indício forte que a proposta seria insustentável no longo prazo. Mesmo o Mercado Pago, que chegou a travar um duelo acirrado entre seus cofrinhos e as caixinhas do NU, não ousou sequer a oferecer 150% do CDI sobre o cashback do seu cartão.
Obviamente que uma proposta de 200% do CDI a perder de vista é utópica. Por isso muitos programas do tipo chegam a impor certas travas, como limites de validade, por exemplo. Por esse tipo de restrição não ser bem-visto por usuários de tais programas, o Nu jamais chegou a propor algo similar.
Por essas e outras, imagino que o único meio de manter o cartão UV com 200% do CDI sustentável seria colocar o limite de um ano sobre cada cashback gerado, não um limite de validade, mas um limite de rentabilidade. Mas como funcionaria isso exatamente?
Digamos que você fez uma compra em 22 de agosto do ano passado; em 22 de agosto desse ano, o cashback deixaria de render 200% do CDI e seria enviado automaticamente para uma caixinha rendendo 120%. Ainda assim, isso viraria uma bola de neve no longo prazo, então essa caixinha deveria estar limitada a 50 mil reais ou 5 anos.
Portanto, alternativas existem para que os clientes “não viajantes” possam desfrutar de um cartão black pelo menos no médio prazo. Cortar o melhor atrativo do UV Nubank pela raiz e sem anestesia foi um golpe duro nos usuários, mas que poderia ter sido evitado.
Cogitar que em um universo de 123 milhões de clientes todos pensam da mesma forma é um erro dantesco. Um programa do tipo precisa ser amplo, abrangente, inclusivo para que possa atender o máximo de interessados, com personalidade, comportamento e modos de pensar distintos.