Incerteza
impactando a
política monetária
Os destaques da semana passada foram para a “super quarta”, dia em que
as decisões de juros no Brasil e nos Estados Unidos acontecem no mesmo
dia. O saldo geral foi de maior cautela por conta da elevada incerteza
global com os desdobramentos da guerra comercial.
No Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou elevação da
taxa Selic em 0,5%, para 14,75% ao ano, com votação unânime. A decisão
foi conforme o esperado e, no saldo geral, consideramos o comunicado
mais dovish do que o antecipado pela maioria do mercado.
O Banco Central trouxe elementos de flexibilidade e incerteza na
comunicação com relação aos próximos passos da política monetária, como
esperado pelo mercado.
Apesar de não ter dado indicação explícita para a próxima reunião, trouxe
novidades que, em nossa leitura, sinalizam que o mais provável é uma
manutenção de juros em 14,75% na reunião de junho. Destacamos aqui a
mudança no balanço de risco para inflação para simétrico, reforçando riscos
para a atividade e inflação advindos do cenário externo, o reconhecimento
do estágio avançado do ciclo de política monetária e uma mudança na
prescrição da política monetária de “mais contracionista” para
“significativamente contracionista por período prolongado”.
Entendemos que o BCB deve optar pela manutenção dos juros na próxima
reunião, iniciando o ciclo de corte no final do ano.
Sobre dados divulgados no Brasil, tivemos como destaque a inflação ao
consumidor (IPCA) divulgada na sexta-feira, referente ao mês de abril. Sua
variação foi de 0,43% em relação ao mês anterior, marginalmente acima
dos 0,42% esperados pelo mercado e abaixo dos 0,56% observados em
março, passando de 5,48% em relação ao mesmo mês do ano passado em
março para 5,53% em abril, acelerando em base anual.
De maneira geral, o número permanece elevado, exigindo cautela. A inflação
dos serviços apresentou alguma melhora, com os núcleos de serviços que
antes aceleravam para o patamar de 7,0% ao ano agora situando-se em
torno de 6,0%, um nível melhor, porém ainda alto.
No lado da atividade econômica, tivemos a divulgação da produção
industrial referente ao mês de março. O avanço foi de 1,2% em relação ao
mês anterior, acima dos 0,7% esperados pelo mercado, com ajuste sazonal. A
maior contribuição para o crescimento no mês foi observada na indústria
extrativa, que avançou 2,81% no período, enquanto a indústria de
transformação avançou 0,91%
Itaú Asset