Na infância, como você entendia o que era dinheiro? E quais são as primeiras lembranças que você tem sobre ele?
Video game ou conhecer o mar: divisores de águas na minha infância.
Sou natural de Capão Bonito – SP e desde cedo, fui conscientizada sobre a importância do dinheiro e de ajudar ao próximo.
Na minha infância, mesmo humilde e simples tive a oportunidade de ter bons brinquedos, boas roupas, livros e principalmente bons amigos!
Boa parte da minha família, mora no Ceará e todo semestre, vínhamos visitá-los. No meu último passeio, estava bem empolgada e isso também me adoeceu e eu precisei faltar na escola. Consequência disso: fiquei de recuperação em matemática na matéria de divisão e só poderia viajar se passasse.
No mesmo período, meu irmão ganhou um vídeo game e o jogo foi um subsídio a mais para passar na matéria, pois com a professora, fazia associações matemáticas usando o SONIC.
Passando da recuperação, pude viajar com minha mãe e irmã, mas meu pai e irmão ficaram em casa.
Ao chegar no Ceará, onde moro hoje, fui muito bem acolhida por parentes e amigos e principalmente pela minha avó materna. Tudo era como um dia de lazer: brincar, passear e ser muito mimada.
Alguns familiares, fariam uma viagem para Fortaleza e eu fiquei encantada com as histórias sobre o mar e a praia, logo precisava conhecer. A data da viagem, coincidira com a volta para casa e eu preferi viajar com meus familiares e não voltar para São Paulo. Logicamente, foi uma viagem maravilhosa e de muitas histórias para contar… quando voltamos, pensei: __ Nossa! Agora moro aqui e estou longe da minha casa!
Fui matriculada na escola. Adorava estudar e ajudar meus amigos e amigas de sala com as principais disciplinas, inclusive matemática. Todo o contexto, contribuiu para o meu desenvolvimento social e familiar. E eu estava muito feliz. Uns meses depois, meus pais, vieram morar em Juazeiro também. Meu pai, montou um vídeo game para ganharmos uns trocados e ajudar na despesa da casa. Ele trabalhava também de carteira assinada. Minha mãe, começou a vender roupas e eu era a sua ajudante. Minha irmã era bebê e ficava com uma tia. Trabalhávamos na cidade e viajávamos para cidades circunvizinhas. Depois disso, meu irmão era o responsável pelo vídeo game e recebia meninos de todo o bairro na minha casa. Quando passou a febre do vídeo game e surgiram as Lan Houses, o acesso à tecnologia, era mais difícil na época e para compensar, meu pai montou um pequeno comércio em casa. Chamamos de ‘’budega’’. Minha mãe, passou no concurso municipal público e passei a ajudá-la na construção de material pedagógico e atividades para os alunos. Posso dizer que desde criança, pude aprender e acreditar na possibilidade de reinventar - se e muitas vezes, começar de novo. Do zero. Sou muito grata pelo espírito de empreendedorismo dos meus pais e por estar envolvida e aprendendo sobre a capacidade de ser uma cidadã de bem e trabalhadora.